  O charmoso balneário de Cannes e o polêmico Dress Code na entrada Cassino Municipal. Abaixo, o cobiçado troféu "Palma de Ouro" aos melhores do ano e cartaz do festival 2017
  O CHARME DA RIVIERA FRANCESA
- Quando a França decidiu em 1939 criar um encontro internacional para sua indústria cinematográfica, a escolha da Riviera Francesa não foi mero acidente. O desafio desde o início foi encontrar um lugar capaz de rivalizar com os encantos cosmopolitas de Veneza, na Itália.
- Desde a decisão do ex-chanceler britânico Lord Brougham de se estabelecer em Cannes em 1834 e o desenvolvimento da linha ferroviária Chemins de Fer P.L.M, que serviu a região, a cidade tornou-se uma estância balneária muito apreciada. Um novo turismo baseado no requinte e no lazer desenvolveu-se com a construção da Croisette, alinhada por hotéis de luxo, e a abertura do Cassino Municipal, onde se realizou a primeira edição do festival, em 1939 (posteriormente suspenso em virtude do conflito da IIª Guerra Mundial) e somente prosseguindo, em 1946.
- Foi no contexto deste resort próspero na Riviera Francesa que o código de vestimenta do festival tomou conta. Com o famoso cartaz de Jean-Gabriel Domergue e o folheto promocional de Marco de Gastyne criado para o evento de 1939, o programa com o seu "jantar elegante" já parecia pronto para ser um encontro elegante!
  
O Red Carpet, visto do alto, atrai fãs e espectadores do cinema; abertura oficial do festival no auditório do Cassino Municipal e Cinema na Praia
 CES ANNÉES-LÀ
- Para comemorar seu 70º aniversário, o comitê do festival resolveu editar o livro Ces Années-Là (Stock), que registra a trajetória do evento desde sua primeira edição, sem dúvida, uma oportuna publicação dedicada à Sétima Arte. 70 festivais, 70 Palmes d'Or, 70 seleções, 70 presidentes e claro, 70 histórias rebobinando o filme de todas aquelas cerimônias e anos gloriosos, escritos por alguns dos críticos mais esclarecidos e meticulosos, não só da França, mas também da América, Itália, Rússia, Índia, México e Turquia, meticulosamente capturando a diversidade abundante de Cannes, uma cidade que anualmente abre seus braços por um curto período de tempo para realizar um sonho que se repete a cada nova temporada.
- Com prefácio de Pierre Lescuree, Ces Années-Là conta a história de uma aventura que começou em 1939 em um contexto da 2ª Guerra Mundial e foi somente reabilitada em 1946 como uma forma de consignar os horrores ao esquecimento. Com relatos envolventes, o livro narra a história melancólica e cativante de uma instituição que, apesar de seus movimentos e preconceitos ocasionais, nunca falhou em sua missão primária: revelar. Uma história dedicada aos grandes mestres (Rossellini, Truffaut, Loach, Coppola, Wajda, Wenders, Lynch e Tarantino) e suas atemporais criações (O Leopardo, La Dolce Vita, Os Guarda-chuvas de Cherbourg, Blow up, Taxista, Paris, Vida), mas também uma ideia, uma visão de filme que é constantemente renovada, que supera limites e marcha sempre para frente, em busca do inusitado.
- Os críticos de cinema selecionados por Thierry Frémaux, diretor geral do Festival, que participaram do conteúdo do livro, testemunham a permanente obsessão do evento, com episódios marcantes: Georges Simenon como presidente do júri, a convulsão de maio de 1969, a saudação nazista de Maurice Pialat; a consagração incerta de Oncle Boonmee, a postura comprometida de The Class ou Fahrenheit 9/11, mas acima de tudo, todos os segredos compartilhados e revelados com memoráveis momentos de felicidade.
  
Acima, cartaz do filme "Rodan", de Jacques Doillon, concorrendo à Palma de Ouro; a atriz Uma Thurman, presidente do juri na categoria Un Certain Regard; capa do livro "Ces Années-Là" e Madonna, no Red Carpet (1991), usando um modelo criado por Jean Paul-Gaultier para divulgar o clip "Na Cama com Madonna"
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